Botequeiros viram a mesa

11/10/2013 00:03

Será que vai acabar o Comida di Buteco?

 

Chef Eduardo Maya

Chef Eduardo Maya, criador do Comida di Buteco


No dia 02 de setembro durante o tradicional encontro mensal dos donos de bares de BH, Eduardo Maya, criador do maior evento gastronômico de Belo Horizonte em um discurso de pouco mais e 6 minutos anunciou a sua saída da organização do comida di Buteco em decorrência de dificuldades em conciliar questões internas.

O reflexo foi imediato. Pouco mais de um mês depois daquela noite, os donos de algumas das mais tradicionais casas participantes do Comida di Buteco garantem que não pretendem participar da próxima edição. Segundo Marcos da Matta Machado, o Patorroco, dono do bar Patorroco, no bairro Prado, vencedor em 2012 e 2013, que já comunicou oficialmente à direção do evento sua saída. "Já estava insatisfeito com os rumos definidos pela organização. A saída de Maya foi a gota d’água", revela.

Segundo ele, de três anos para cá, começaram a haver imposições, como a do uniforme dos garçons e a da venda de certos produtos, com os quais não concordava. Patorroco destaca que aquilo que mais o atraía no evento era a gastronomia de raiz com seus matizes, com o sotaque de cada dono, com pitadas de tradições árabes, italianas, e de tantas cidades do interior de Minas. "Isso está indo embora de vez. E, nesse momento, é exatamente isso que buscamos no nosso estabelecimento. Assim, resolvemos tomar outro caminho", diz.

Depois de ficar em terceiro lugar em três edições, Rômulo Silva, o Bolinha, dono do Bartiquim, garante que os participantes estavam insatisfeitos com uma série de imposições. "Dos 45 participantes de 2012, pelo menos 38 estão fora. Era o Eduardo Maya que fazia o contato, que nos ouvia. Ele era nosso representante lá dentro. Sem ele, o festival, pelo menos em Belo Horizonte, não faz sentido", desabafa.

O empresário reclama das várias imposições dos últimos três anos e dos preços da festa de encerramento do evento em 2012 (os ingressos custavam R$ 100). E garante que o próximo passo é organizar os insatisfeitos para um festival de rua, feito pelos donos dos bares para seus clientes. "Queremos voltar à origem da coisa." Agora resta saber qual será o futuro do Comida di Buteco. Sinal de que muita água vai passar por baixo da ponte antes que a saideira chegue à mesa.